quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

... Sem mundo. Obrigado.

Conheci, numa tarde qualquer, um rapaz.
Seu nome era Rai.
Todos os chamavam de Rai, somente Rai.
Exceto os íntimos, extremamente íntimos, como carne e unha, tinham a permissão de chamá-lo diferente.
Cá entre nós, mas bem entre nós e que não saia daqui, poucos o chamavam pelo nome real.
Rai não gostava do seu mundo, odiava o mundo que vinha logo após Rai.
Rai sempre dizia que o seu mundo era o que estragava sua vida. Achava o mundo feio, pesado e até assustador.
Rai, pare de se preocupar com o mundo... Ele não é tão feio assim.

[*] E eu lembrei que, após alguns meses, nem me lembrava de que um dia conheci o mundo do Raimundo. Como as coisas passam, não é?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Naquela casa de paredes vermelhas, todos que um dia tentaram adentrá-la se incomodavam com os quadros de arte renacentista e todos os porta-retratos do mesmo personagem.
Naquela casa, onde se podia sentir cheiro de rosas pelos corredores, uma dúvida pairava: quem era seu proprietário? Aquele que lá era retratado incessantemente ou aquele que a possuía?



A única certeza era que, ao entrar naquela casa, quase que um antiquário da mesma peça, não tinha como andar sem tropeçar na mesma coisa.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ah, Geruza.

Sabe o que que é, Geruza?
Eu estou cansado.
Revoltado. Querendo mandar o mundo parar para eu descer.
Esse mundo tá feio, com grandes chances de se auto-destruir daqui a pouco, daqui a pouco mesmo, alí, logo na virada da esquina. E óh, ontem um moço achou estranho eu não comer cadáveres, acredita?
Ah, Geruza, se eu fosse uma velha Nikon, poderia dizer que meu obturador não dispara mais como antes, e meu diafragma não anda tão aberto às luzes. Talvez, até meu filme tenha acabado, queimado, ou não me acostumei aos novos métodos digitais.
Geruza, ainda bem que você só existe na minha imaginação, um resultado da minha carência, pois é melhor ficar aí, dentro de meus pensamentos, do que aqui fora. Pelo menos ainda posso sonhar.

...