domingo, 12 de dezembro de 2010

E o que me derruba...

Sabe o que me derruba? O que me faz chorar como criança, ficar dias e dias pra baixo e me sentir mais frágil?
Não são os grandes desafios, os grandes tapas que a vida dá, as grandes decepções... Isso me fortalece.
Me cansa ao ponto de me derrubar são as pequenas faltas, os pequenos detalhes.
É dormir de tarde e acordar de noite e perceber que sempre durmo com vários probleminhas, e de tão esnobados só são percebidos quando se unem e conseguem dar um grito.
É perceber que recebo nem um sétimo do que ofereço, de que apenas a ponta do meu icerberg é vista.
É concluir que o que sou é apenas um resumo de mim mesmo, um esboço feito com grafite e jogado numa escrivaninha. E sem nenhuma vontade de dar vida à idéia.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Era tão seco quanto um deserto.
Tão quente que criava-se miragens o tempo todo.
A paz era mais violenta do que se podia prever, e aos poucos retirava de suas mãos as esperanças, a vontade, o desejo de ser.

Seus olhos só não pesavam mais do que seus ombros, e todo esse peso sucumbia suas capacidades.
Num momento, só parou. Não quis mais pensar, rir, falar, cantar ou criar, só queria viver - ou não.
Deitou com sua respiração ofegante, quase que morta, esperando um novo sol, sem saber que deveria esperar por si mesmo.

sábado, 11 de setembro de 2010

Eu não faço parte do time que aceita o quase, o estável, o comum, o "legalzinho".
Talvez isso me irrite mais que qualquer coisa.
Não gosto de meias verdades, nem meias bondades, meias amizades, muito menos do talvez.
Aliás, se tem algo que me irrita, é ele, o talvez.
Talvez eu vá, talvez eu faça, talvez fale talvez com mais frequências.
Gosto das coisas bem definidas, bem certas, concretas.
É, ou não é.
Sim, ou não.
Hoje, amanhã, dia tal ou nunca mais.

domingo, 11 de julho de 2010

Com o tempo, você percebe que aquele que sempre te estendeu a mão, era quem te aprisionava a alma. Descobre que o bem e o mal podem participar da mesma pessoa, e estarem tão entrelaçados que se torna impossível separá-los.
Sua visão se expande e, assim como um recém-nascido ao abrir seus pulmões, você chora, mas desta vez não de forma estridente, chora no silêncio, no seu silêncio.
Suas memórias são repassadas por um novo ângulo de visão, e o véu que suavizava todos os fatos cai aos seus pés.
Feche os olhos por alguns instantes, mas não para sempre. A luz que dilata sua pupila não é capaz de cegar-te.

domingo, 13 de junho de 2010

A cada despertar ele voltava a deitar para sonhar.
Se o despertar era da realidade ou de um sonho, não tinha como saber, e nem sequer importância, mas era sonhar seu repertório diário.
Sentava-se em um morro bem alto, onde nada o poderia ver e ele só pudesse ver o nada. Segurando seus joelhos com seus braços, só fazia imaginar, inventar, criar...
Até que despertou.
Olhou para os lados e sentiu-se caído de seu morro. E estava alí embaixo, na altura das pessoas e de seus sonhos.
Fechou os olhos e voltou a sonhar. Pois, a cada despertar ele voltava a sonhar.

sábado, 5 de junho de 2010

Terápico, realmente terápico.

Dias atrás eu estava lendo meus posts, cheios de minhas xurumelas, meus textos.
Uma das conclusões que tive foi que o resumo dos meus problemas era sempre o mesmo. E isso serviu para eu tentar cortar este mal, talvez não pela raíz, mas ao menos eu podei bem rente.

Mas, a maior conclusão que tive foi que, mesmo que teoricamente como destino certo, me surpreendo com a capacidade de um blog que eu nomeei como "blogoterápico", se tornar realmente uma terapia. Uma terapia lenta, talvez, mas não menos eficiente.

Descobri que prefiro escrever do que falar, talvez porque ao soltar palavras e sentimentos, os dois se batem e criam uma pequena gagueira. E perfeccionista como sou, logo caio do alto das minhas lamúrias.

E, definitivamente, este não é um blog pra ser lido, e sim escrito. Não é pra receber comentários, nem informar, nem enumerar leitores assíduos. Definitivamente, não. Não que isso seja algo ruim, adoro quando lêem, mas isso é um "brinde surpresa" dentro deste kinder ovo de sentimentos.

[eu acho que precisa duma bela foda, to escrevendo muitos textos fofinhos e homenageadores (vide o anterior a esse)]

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

... Sem mundo. Obrigado.

Conheci, numa tarde qualquer, um rapaz.
Seu nome era Rai.
Todos os chamavam de Rai, somente Rai.
Exceto os íntimos, extremamente íntimos, como carne e unha, tinham a permissão de chamá-lo diferente.
Cá entre nós, mas bem entre nós e que não saia daqui, poucos o chamavam pelo nome real.
Rai não gostava do seu mundo, odiava o mundo que vinha logo após Rai.
Rai sempre dizia que o seu mundo era o que estragava sua vida. Achava o mundo feio, pesado e até assustador.
Rai, pare de se preocupar com o mundo... Ele não é tão feio assim.

[*] E eu lembrei que, após alguns meses, nem me lembrava de que um dia conheci o mundo do Raimundo. Como as coisas passam, não é?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Naquela casa de paredes vermelhas, todos que um dia tentaram adentrá-la se incomodavam com os quadros de arte renacentista e todos os porta-retratos do mesmo personagem.
Naquela casa, onde se podia sentir cheiro de rosas pelos corredores, uma dúvida pairava: quem era seu proprietário? Aquele que lá era retratado incessantemente ou aquele que a possuía?



A única certeza era que, ao entrar naquela casa, quase que um antiquário da mesma peça, não tinha como andar sem tropeçar na mesma coisa.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ah, Geruza.

Sabe o que que é, Geruza?
Eu estou cansado.
Revoltado. Querendo mandar o mundo parar para eu descer.
Esse mundo tá feio, com grandes chances de se auto-destruir daqui a pouco, daqui a pouco mesmo, alí, logo na virada da esquina. E óh, ontem um moço achou estranho eu não comer cadáveres, acredita?
Ah, Geruza, se eu fosse uma velha Nikon, poderia dizer que meu obturador não dispara mais como antes, e meu diafragma não anda tão aberto às luzes. Talvez, até meu filme tenha acabado, queimado, ou não me acostumei aos novos métodos digitais.
Geruza, ainda bem que você só existe na minha imaginação, um resultado da minha carência, pois é melhor ficar aí, dentro de meus pensamentos, do que aqui fora. Pelo menos ainda posso sonhar.

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